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Quando falamos em “doenças de homem”, é comum que o câncer de próstata seja o primeiro problema a aparecer na mente. E não é por menos, afinal, a cada ano cerca de 68 mil indivíduos descobrem ter esse tipo de tumor, que é o segundo mais frequente na população masculina, atrás apenas do câncer de pele, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer).

As doenças urológicas afetam os órgãos dos sistemas reprodutivo e urinário masculino O câncer de próstata geralmente é o problema do tipo mais conhecido, porém, há outros que exigem atenção. Muitas dessas doenças geram dificuldade ao urinar e, quanto antes forem detectadas, mais fácil tende a ser o tratamento. Mas, obviamente, o câncer não é o único problema que atinge a próstata e outros órgãos dos sistemas reprodutivo e urinário masculino —que estão todos aí, juntos e misturados na parte de baixo do seu corpo. A seguir, apresentamos quatro doenças urológicas não tão conhecidas por muitas pessoas para reforçar a importância dos cuidados com a saúde do homem e da consulta regular (ao menos uma vez por anos) com o urologista, especialmente após os 40 anos, pois quanto antes esses problemas forem identificados, mais fácil tende a ser o tratamento.

  1. Hiperplasia benigna da próstata (HPB)

É o aumento da próstata devido à ação da testosterona, que atinge principalmente homens a partir dos 45 anos. O problema pode causar obstrução parcial ou total da uretra, prejudicando a vida sexual e também o dia a dia da pessoa. O indivíduo pode apresentar dificuldades para urinar —jato fraco de xixi, necessidade de fazer força para urinar ou terminar a micção —, aumento do tempo para esvaziar a bexiga, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, necessidade de ir várias vezes ao banheiro para fazer xixi, urgência urinária (necessidade de urinar para não ter o risco de fazer nas roupas) e necessidade de levantar à noite para a micção. Alguns pacientes chegam até sentir dor ou desconforto na hora do xixi.

Além do avanço da idade, outros fatores que influenciam o desenvolvimento da hiperplasia benigna da próstata são diabetes, hipertensão, obesidade, baixo nível de HDL (o popular colesterol bom), inflamação na próstata, sedentarismo e genética.

O diagnóstico normalmente é feito pela história clínica do paciente e outros exames, como o toque retal e a ultrassonografia da próstata. Para o tratamento da hiperplasia benigna da próstata são indicados medicamentos que atuam na dilatação e no relaxamento da próstata, o que diminui a resistência ao fluxo de urina, além de outros remédios que servem para diminuir o tamanho da glândula e aliviar o esvaziamento da bexiga.

Caso os sintomas permaneçam, os procedimentos cirúrgicos podem ser recomendados. Entre eles estão a chamada ressecção transuretral da próstata (RTU). Nela, é feita uma raspagem e retirada do miolo do órgão. O tratamento com laser também é muito indicado pelos urologistas. Com a técnica, é possível alcançar uma desobstrução grande da uretra e, comparado com a RTU, tem a vantagem de menor sangramento, menor tempo de internação e menor necessidade de irrigação vesical. Já para as glândulas que estiverem acima de 100 g, o tratamento mais recomendado é a prostatectomia, uma cirurgia que retira parte da glândula.

Outro procedimento que passou a ser usado mais recentemente é a embolização da próstata, que bloqueia a passagem do sangue para as regiões “doentes” do órgão, o que diminui a compressão da uretra e reduz ou acaba com a dificuldade de urinar. A embolização tem como vantagem a liberação do paciente no mesmo dia além, de manter a ejaculação —a maioria dos tratamentos para hiperplasia benigna da próstata, até mesmo os medicamentos, leva o paciente a parar de ejacular (mas a ereção e o orgasmo são mantidos). Porém, a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) não recomenda a embolização para tratar a doença pois acredita que os resultados do tratamento publicados em estudos são questionáveis. O procedimento é aprovado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

  1. Prostatite

Processo inflamatório ou infeccioso na glândula prostática, que interfere no funcionamento do órgão, na liberação do PSA (antígeno prostático específico) e impacta no funcionamento do trato urinário, repercutindo na qualidade da micção.

Normalmente, essa doença atinge os homens na faixa dos 20 aos 40 anos e também depois dos 60 anos, que tenham a imunidade baixa. Existem vários tipos de prostatites, mas as mais comuns são: aguda e crônica. A primeira é causada por bactérias e frequentemente está relacionada à infecção urinária, isso porque o xixi passa no meio da próstata, então, a infecção da urina pode levar o mesmo problema na glândula. Além disso, em situações em que ocorre a manipulação da próstata, por conta da biópsia, por exemplo, pode ocorrer a doença.

Os indícios da prostatite aguda são: febre alta, mal-estar geral, calafrios, dores nas costas, nos músculos, nas articulações e no períneo (região que fica entre o ânus e o escroto). Já os sintomas urinários são dor ao urinar, necessidade frequente de fazer xixi durante o dia e a noite e urgência miccional. Há também uma dificuldade em esvaziar completamente a bexiga.

O tratamento é feito com antibióticos e geralmente dura, pelo menos, 14 dias. Já a prostatite crônica é uma doença que pode ter causa bacteriana ou por infecção de micro-organismos e permanecer no corpo por meses e até anos. Normalmente, tem como sintomas uma dor ou desconforto na região pélvica, que é persistente ou recorrente e pode ou não estar associada com sintomas urinários e sexuais. Outros sinais desse tipo da doença é a dor na região do períneo, do abdome inferior, nos testículos e no pênis, principalmente durante ou após a ejaculação. Pode ter sintomas obstrutivos e irritativos e eventualmente sangramento no sêmen e disfunção sexual. O tratamento da prostatite crônica leva mais tempo, com duração de três meses ou mais com o uso de antibióticos.

  1. Bexiga hiperativa

A doença é caracterizada por problemas de micção característicos, como a urgência, muitas vezes súbita, em fazer xixi. Geralmente, o sintoma é acompanhado do aumento na frequência de idas ao banheiro, inclusive durante à noite.

Homens a partir dos 50 anos já podem desenvolver a bexiga hiperativa, mas ela é mais comum depois dos 75 anos, pois a partir dessa idade ocorrem mudanças fisiológicas associadas ao envelhecimento, como a diminuição da capacidade da bexiga em segurar a urina e o enfraquecimento muscular na região pélvica.

Na hora de realizar o diagnóstico da doença, o urologista leva em consideração se o paciente apresenta os sintomas mencionados, além de prescrever exame de urina e ultrassom das vias urinárias para descartar outras condições. O

tratamento inclui fisioterapia para fortalecer a região pélvica e medicamentos. Nos casos mais intensos, pode-se indicar o uso de toxina botulínica na bexiga ou até mesmo o implante de um neuromodulador (dispositivo semelhante a um marcapasso que vai controlar o funcionamento da bexiga).

  1. Estenoses de uretra

As uretrites (infecções da uretra) —que geralmente decorrem de doenças como tuberculose, do uso de sonda ou de manipulações cirúrgicas da uretra — podem causar cicatrizes no canal por onde passa a urina e o sêmen. Então, esse tecido fibroso acaba por entupir de forma parcial ou totalmente a uretra, gerando as chamadas estenoses.

Como resultado dessa doença surgem os problemas de micção. Entre eles, o fluxo reduzido de urina é o primeiro sintoma. Depois, aparecem a dificuldade em fazer xixi (como o jato duplo), o gotejamento de urina após a micção, a necessidade de urinar mais vezes que o habitual, vontade maior de ir ao banheiro durante à noite, a ardência no momento da micção e, em alguns casos, incontinência urinária.

O diagnóstico da doença se dá pelo histórico do paciente, mas também serão necessários exames laboratoriais para descartar qualquer outro tipo de enfermidade. O principal teste realizado é a uretrocistografia miccional, na qual se injeta contraste na uretra até a bexiga e, com a ajuda do raio-x, é possível visualizar todo o trajeto dessa via. Outros exames podem ser realizados, como a endoscopia da uretra e a ressonância magnética.

O tratamento depende da extensão do estreitamento na uretra. É possível que o urologista indique uma uretrotomia interna, na qual, com a ajuda de um endoscópico, se faz um corte no ponto obstruído para abri-lo. Também podem ser determinadas as chamadas uretroplastias, que são técnicas diferentes de plástica do canal uretral, que vão depender não só da extensão, como também da localização da lesão.

 

 

Fontes: Alberto Antunes, professor de urologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e chefe do setor de próstata no HC (Hospital das Clínicas), em São Paulo; Arnaldo Fazoli, urologista do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) e fellowship em cirurgia laparoscópica e robótica pelo Hospital Clínic de Barcelona;

Carlos Sacomani, urologista e coordenador geral do departamento de disfunções miccionais da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia); Francisco Cesar Carnevale, professor da FMUSP e chefe do serviço de radiologia vascular Intervencionista do HC (Hospital das Clínicas) e do Hospital Sírio Libanês, ambos em São Paulo; José Genilson Alves Ribeiro, professor de urologia da Faculdade de Medicina da UFF (Universidade Federal Fluminense);

Rafaella Eliria, médica e mestre em neurociências pela UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro);

Ricardo Vita, urologista e coordenador da área de hiperplasia benigna da próstata da SBU e Stenio Zequi, cirurgião oncologista e head do departamento de cirurgia urológica do A.C.Camargo Câncer Center, em São Paulo.

 

Fonte: UOL

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